quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A epopéia de um visto de estudante

"Os países não gostam de receber visitantes"
É a primeira impressão que a gente tem quando se depara com coisas que seriam banais, se não fosse o Universo conspirando contra você.
Como qualquer idiota sabe, as pessoas que vão (legalmente, óbvio) para um país precisam de um visto. O meu visto é de estudante residente, válido por um ano. Mas pra conseguir isso você tem que vencer todas as barreiras naturais, artificiais, burocráticas, geográficas, maléficas e inanimadas.

Pra começar, em um belo dia de sol eu recebi uns documentos do AFS e pensei "beleza, é só ir lá e mostrar isso, eles fazem isso ha anos, não tem erro" (doce ilusão); pra ninguém dizer que eu não tentei, entrei no site do Consulado Geral e vi uma lista de documentos. Era enoooorme e feita pra quem ia fazer faculdade lá, ou um pedaço dela. Daí eu resolvi ter certeza, ao invés de baixar onde Judas Perdeu as Botas e fazer papel de trouxa.

Liguei pra São Paulo (pro Consulado Geral), me disseram que não tinha nenhum Consulado em Beagá e que eu talvez tivesse que ir lá pra fazer isso. Aí eu ri na cara do cara e disse "ah, tá. By the way, eu sou a Xuxa". Não, na verdade eu agradeci educadamente e liguei pra Embaixada, em Brasília.

A mulher que atendeu falou que tinha sim um Consulado em Minas, que era Honorário, feito ha pouco tempo e não tava na jurisdição de São Paulo. E eu pensei "arrasou, tia; vai ser easy". A mulher me deu o telefone e o endereço da bagaça e eu liguei lá.

Liguei e o cara falou que a mulher que cuidava disso tava de férias e que só voltava em janeiro. Tudo bem, era dezembro, as pessoas tem direito a ferias, mesmo quando elas são inconvenientes. Em janeiro, quando o cara disse que ela ia voltar, eu fui lá (a mulher da Embaixada tinha me passado o endereço).

Fui lá e descobri que a bodega não existia. Cheguei na rua, com um sol desgraçado (e eu ainda tava levando uma sombrinha, porque quando eu saí de casa podia jurar que ia chover), depois de perguntar o caminho pras pessoas três vezes, parei entre os números 75 e 47 e constatei que o número 63 era um número imaginário. Na mesma hora minha mãe ligou pra la.

Ligou e o cara falou "é verdade, a gente mudou de endereço, faz pouco tempo. Se ferrou, trouxa". Não, na verdade ele disse gentilmente que sentia muito que a informação fosse desatualizada, mas se tivesse sido brutal teria feito jus à situação.

Depois de pegar o endereço certo, baixamos eu e minha mãe no alto da Raja (logo ali, depois do fim do perímetro urbano) pra mulher falar que os documentos que eu tinha reduziam a lista enorme, mas ainda precisava de mais três que eu não tinha. No fim eu baixei onde Judas Perdeu as Botas e fiz papel de trouxa.

Mas além dos documentos que eu não tenho (sobre os quais eu vou ligar pro Rio e pedir pro AFS me mandar), ainda preciso de uma autorização reconhecida em cartório e autenticada no Ministério das Relações Exteriores mais uma cópia traduzida e um certificado de antecedentes criminais (claaaro, porque eu vou pra outro país fugir da rigorosa polícia brasileira).

Ótimo. And here we go again...

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